quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O que sobrou no meu armário


Esses dias eu vi minha borboleta voar pela janela e ir embora. Eu podia dizer a vocês que fiz de tudo pra que ela não fosse, mas a verdade é que tudo o que eu fazia só agravava mais a situação.
Vejo a porta aberta do meu armário e tenho algumas boas lembranças, mas quando olho pra dentro dele não vejo mais as incertezas que estavam guardadas bem lá no fundo. Algumas sensações me deixaram, junto com a borboleta. E eu acho que foi até melhor assim.
Quando ela chegou na minha vida, representava a liberdade que eu poderia ter, que eu deveria ter. Mas eu me prendi a ela, e talvez também tenha a prendido. Tornou-se uma obsessão que eu não podia controlar. E liberdade nem sempre tem a ver com descontrole.
Alguns dizem que água e óleo não se misturam, outros dizem que se misturam sim. Mas o importante de verdade era o sabor da mistura, a química, o cheiro e a textura. Ela concluiu que não combinamos. Eu concluo que não tivemos tempo.
Agora não há mais tempo. Agora só há mais tempo. E esse é só mais um capitulo, da minha historia. Porque essa não é a historia dela. Eu sou o protagonista e não haverá mais como voar à sombra da borboleta e ficar satisfeito com isso.
Mas o curvex e a caixinha de maquiagem sempre vão me lembrar dos vôos que eu não pude dar. 

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Outono. Precoce, mas outono.

O dia não foi alegre, foi triste. E eu sabia muito bem disso. Depois daquelas horas nada mais seria igual. E a primeira coisa que vem a cabeça é “Por que isso foi acontecer?”. É sempre assim, a primeira sensação é de raiva ou tristeza, querendo mudar o irreversível. Foi o tempo que construiu aquele dia, assim como os demais. E já sabemos que esse mesmo tempo é incorruptível e jamais seria persuadido a voltar de alguma forma.
As folhas caíram e a primavera se foi, com todos os jardins e borboletas. Resta agora a solidão do outono, os galhos secos e as folhas murchas no chão, como sonhos que não são mais sonhados devido a irredutível realidade que não os permite realizarem-se.
Sonhos, esperanças e desejos são assim, ninguém sabe de onde eles vêem ou como crescem, mas de repente eles se apagam.
Eu já escrevi muitas vezes sobre o fim, e agora tenho certeza que nenhuma daquelas vezes falava sobre ele. Esse texto também não fala sobre o fim, isso é só um ensaio. O final não é sucedido por qualquer coisa. Como não sei o dia de amanha vou reservar um espaço para o indefinido.
É um eterno ciclo de inicio, mudança, fim e recomeço. E uma hora ou outra você se pega deitado na cama, olhando o ventilador de teto e pensando “Fudeu, mas e agora que tudo deu errado? O que é que eu faço?”. Na duvida eu vou fazer o de sempre, esperar.
Vou aproveitar o outono, mas nunca vou esquecer a primavera.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Saudade e só.

Já são dois dias sem noticias. Isso parece tão pouco quando se trata de alguém que você não tem tanto contato, mas quando é uma pessoa que está com você todo dia isso parece uma eternidade.
Eu lembro nitidamente da ultima vez que nos falamos. Nós tínhamos ficado 24 horas juntos e pra mim foi ótimo. E nesse dia agente tinha feito de tudo. Até os momentos que deveriam ser tediosos eram divinos só por ela estar ali. Nós não terminamos algumas coisas, deixamos assim pela metade. A verdade é que é que algumas coisas cooperam conosco e outras não.
A despedida teve um ar de incerteza e carinho, assim como tem sido a nossa relação. Sempre sem saber aonde iremos e com a pouca certeza de que algo existe entre nós.
Ela me diz que eu sou como um algodão-doce. E talvez eu seja sim. Mas ela é como uma criança, que encontra a felicidade sem mesmo usar os novos brinquedos e que não agüenta um algodão-doce inteiro.
Eu deveria falar mais sobre a saudade, mas pra mim a saudade é como um buraco. Um vazio que deixou alguma coisa faltando. Eu não sei muito bem como falar do vazio, então me dedico a falar sobre o que deveria ocupar esse espaço.
O que me resta por enquanto é um espaço no meu coração na forma de uma borboleta, esperando que ela ainda queira um pouco mais de algodão-doce.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Amanha é 23

Já faz mais de uma semana, embora pareça que tem bem mais que um mês. As coisas mudaram de lá pra cá. Eu resolvi algumas coisas e acabei ganhando outras para resolver. A vida é assim, parece que não resolvemos os problemas, apenas trocamos um por outro.
Foram os melhores momentos que eu passei ultimamente. Estou sempre em meio a incertezas e maquinando idéias, mas não naquele instante. Eu era a vontade que tinha em mim, tudo que eu tinha pra ser estava ali.
Eu estava ansioso um pouco antes, mas é normal ter aquele friozinho na barriga. Estava empolgado. Tinha muito tempo que eu não realizava algo que eu realmente quisesse, antes daquilo a vida estava sempre em uma espécie de piloto automático.
Sobraram lembranças boas ao redor de sensações. O gosto, o cheiro e o calor do contato já se foram, infelizmente. Retomar isso se tornou quase uma obsessão e eu tenho me controlado para não estragar tudo desde então, mas sempre resta alguma esperança de repetir aquele momento.
Amanha é 23, são oito dias para o fim do  mês. Faz tanto tempo que eu não te vejo. Queria o seu beijo, outra vez.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Serra e litoral


Ela é o calor do litoral. A vida e energia. É o abraço refrescante do mar, naquelas areias brancas e finas. Ela é linda. Um lugar perfeito pra iniciar o dia, terminar uma tarde ou passar uma noite.
Ele é o frio da serra. A vontade agoniante de tirar e por os casacos. O bem estar aconchegante da lareira. O casal de namorados que não saiu do quarto pra se aproveitarem melhor. Um lugar perfeito para não ir sozinho.
As coisas são assim, diferentes e com belezas igualmente diferentes. Há quem prefira a serra. Há quem prefira o litoral. Mas e o que eles preferem?
O fato é que há uma distancia entre eles. É uma longa estrada para percorrer e a intercessão não parece mais um bom acordo.
Não há mais como caminhar sozinho. Voltar atrás nunca será uma opção, muito menos uma vontade. Só resta caminhar para o fim.

“Tudo é sempre a mesma coisa
O mesmo jeito, toda vez
Tudo é muito relativo
E a distância, já nos fez
Somos serra e litoral
Nosso final, é simples
Tchau!”

Catedral

domingo, 19 de dezembro de 2010

Efeito Borboleta

Eu quero paz, mas se eu tivesse só um pouco de calma eu já ficaria satisfeito. Não vivo mais em um mundo sem cores. A floresta ao meu redor se foi e eu estou livre. Tenho estado junto à borboleta desde então, não tem sido como eu quero, mas mesmo assim tem sido maravilhoso.
A ansiedade de conseguir mais, tem me cegado para ver as coisas que eu já consegui. Eu não deveria ficar agoniado, a minha vida tem melhorado muito. Estou muito mais feliz hoje.
Lembro de como era ver a borboleta voar por campos floridos, aos quais eu jamais seria capaz de chegar perto. Nessa época, qualquer coisa que me permitisse esquecer a realidade, era a melhor coisa que eu poderia viver.
Eu vivi dentro de um casulo e chorei por não poder voar. O casulo se foi, mas a transformação continua em mim a cada segundo que passa. Depois de tudo que ocorreu, eu não queria que as coisas terminassem mal.
Escrever sobre isso me faz reviver todos os bons momentos que tive nessa historia. Eu sempre achei que não daria certo e não chegaria a esse ponto, ainda bem que eu estava errado. Agora eu estou mais calmo e consigo dar valor as coisas que eu já conquistei, ao invés de sofrer com a ganância de querer mais.
Ela sempre me dizia para não surtar, e essa expressão nunca foi tão bem vinda. Eu ainda espero por nosso vôo juntos.
A tempestade se foi, resta agora a calmaria que reina em mim. Esse é o efeito borboleta.

Vida, armadilha, vida.

Eu não sei mais como controlar a minha vida. Por mais que eu faça força, ela sempre parece tomar o rumo que eu não desejo. Isso tudo me leva a pensar: “Quanto poder eu tenho sobre a minha vida?”.
Sempre haverá pessoas vivendo junto comigo e elas sempre influenciarão o meu caminho. Pessoas são como leões selvagens, você pode cuidar deles, amá-los e viver ao seu lado, mas de repente eles podem simplesmente te ferir. E não há nada que possamos fazer para mudar isso.
Eu não aprendi ainda como deixar as expectativas de lado e evitar as decepções, mas eu estou tentando.É muito difícil esperar por uma coisa sem pode fazer nada, além disso, e no fim essa coisa não acontecer. É como se eu estivesse torcendo para que a minha vida desse certo e não pudesse fazer com que ela realmente desse certo!
Eu queria poder convencer as pessoas. Eu só queria que as pessoas se convencessem. Na verdade, eu só queria que uma pessoa se convencesse, mas é muito difícil conseguir isso. Por mais que eu tente, ela sempre volta a me ferir.
Eu ainda vou conseguir sofrer um pouco e esperar mais um pouco, mas tomara que as coisas dêem certo.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O bom, o mau e o leigo.

Eu to cansado. Cansei-me dos julgamentos e dos juizes, essas pessoas que sabem falar racionalmente sobre a vida dos outros. Porra, não há como viver racionalmente. Viver é sentir, se entregar sem resistir. Olhem pro mundo! A ordem aqui é o caos.
Parem de julgar, que coisa chata. Estou saturado dessa divisão do mundo, entre culpados e inocentes. Estamos sempre desconfiados e afiados, nunca estamos abertos e prontos para nos entregar.
Não há mocinhos e vilões. Todos somos mocinhos e vilões. Nenhum de nós é mocinho ou vilão. Quem diabos está apto a decidir isso? Quem é que julga os juizes? De que forma? Quais os parâmetros?
Sociedade hipócrita. Falsos moralistas banais. Implementam um simulacro de justiça, usando suas mascaras semitransparentes, como se não pudéssemos ver meticulosamente as incertezas por trás dessa infame camuflagem.
Perdoem-me pelo desabafo, eu sei que isso foi um julgamento. Será que me tornei um vilão agora? Ou combati os vilões me tornando um mocinho? Como se isso tivesse importância!
Nós somos mais que preto e branco, justo e injusto, bem e mal. Estamos além de todas essas dualidades inexpressivas. Dualidades não nos representam bem, elas são muito pequenas comparadas a nós.
Somos plurais, mutáveis e instáveis. Não sabemos o que queremos, pra onde vamos ou como qualquer coisa dessas vai acontecer. Não sabemos de nada, mas o pior disso tudo e não saber aceitar isso.
Nós deveríamos ir muito além daquela velha opinião formada sobre tudo. Pelo menos o Raul iria concordar comigo.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Espelhos, rachados, pedaços


É muito ruim ser machucado por alguém que você gosta, mas eu sou forte, eu agüento. Pior mesmo é machucar uma pessoa de quem você gosta. Não que ela não seja forte ou não venha agüentar, mas porque eu não sou forte e talvez não agüente isso.
Ser ferido, ignorado, surpreendido ou coisas desse gênero, doem, de fato. Mas executar essas ações fere no lugar mais profundo que poderiam, ou seja, na alma.
Eu não sou forte, não agüentei o sacrifício de agüentar o suficiente. Não queria machucar ninguém, mas também não queria me machucar. Nem deu muito certo, acabei machucando gente boa de verdade e acabei me machucando.
O que restou foram pedaços de sonhos, expectativas e sentimentos, mas me parece ter sido o melhor a se fazer. Não conseguiríamos viver rachados. Pelo menos agora podemos juntar os cacos e voltar a construir dois espelhos diferentes.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Equilíbrio, desequilíbrio.

Eu queria mais. Eu me sinto bem, mas estou longe de estar satisfeito. Quando estou longe, eu quero estar perto. Quando estou perto, quero estar dentro. Quando estou dentro, eu quero explodir. Sim, explodir.
Envolve muito mais que desejo ou sentimentos. É sentir desejos e desejar sentimentos. É intenso, pelos menos pra mim tem sido assim. Envolto em ansiedades e expectativas. Eu sei não deveria criar expectativas, mas não consigo, elas fazem parte de mim.
A esperança está em cada olhar, cada frase e cada palavra. Não tenho medo de que seja uma decepção, o pessimismo me deixa preparado pra isso. Alias, eu acho que meus medos tem ido embora, dando espaço a um pouco mais de força e coragem.
Ah, a vontade. E quanta vontade! Parecia que eu era formado apenas disso. O controle, a razão ou qualquer coisa desse gênero, não parecia mais fazer sentido. Eu estava invulnerável a isso.
Eu não pensava mais, eu sentia, eu desejava, eu vivia. Viver, que outrora parecia tão chato e entediante, naquele momento era tão prazeroso e animador. Eu estava livre. Eu estou livre.
A razão e a emoção sempre tiveram em lados opostos da balança. E eu sempre tive que abdicar de alguma. Mas não quero mais ter que escolher entre elas. Dessa vez eu vou simplesmente chutar a balança.
Às vezes, perder o equilíbrio faz parte de uma vida equilibrada.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Eu, o menino e o tempo

Eu tinha cerca de oito anos de idade, quando sai para brincar em uma praça perto de casa. Chegando lá, me diverti por alguns minutos nos brinquedos tradicionais. De repente percebi um garoto bem novo brincando com blocos de madeira coloridos, bem no centro da praça. Eu fui até ele, percebi que ele estava construindo coisas com seus blocos.
Assim que eu dei atenção pra esse menino, ele parou. Perguntei então quem era ela e o que estava fazendo. Foi quando ele me respondeu: “Você não sabe quem sou eu? Olhe bem o que estou fazendo e pense, sei que você é um garoto esperto.”. Ele voltou a construir seus prédios com blocos e seguidamente os destruía. Então pensei por poucos segundos e impaciente o menino me falou: “Eu sou aquele que constrói e destrói as coisas. Pense rapaz, pense!”. Percebi que enquanto eu falava com o menino, eu estava envelhecendo rapidamente, mas não ele. Ele continuava o mesmo.
Cansado de esperar o meu lento raciocínio, o jovenzinho exclamou: “Nossa, você é muito devagar. Pensei que você fosse mais rápido. Sempre que te observei você estava correndo atrás de algo. Mesmo quando eu te via parado, você estava agitado por dentro!”. Fiquei perplexo com aquela afirmação. Eu nem consegui ter idéia de quem era aquele menino e ele já sabia tanto sobre mim.
Enquanto o mundo girava, as coisas mudavam e eu amadurecia mais naquela conversa. Vendo minha cara de surpreso, ele disse: “Cansei de esperar sua conclusão. Eu sou o Tempo. O infinito enigmático que estava aqui antes do inicio e permanecerá depois do fim.”. Aquilo foi o ápice. Eu estava frente a frente com o tempo, de quem tanto eu ouvira falar.
O tempo então, continuou a erguer e derrubar as coisas. Aquilo estava me deixando entediado. Eu disse ao jovem garoto que ia embora, ele então retrucou: “Mas você não vai brincar comigo? Fique rapaz, não quis menosprezar o seu potencial. Faça-me companhia. Vamos nos divertir.”. Eu respondi friamente: “Não”. Com a revolta em seus olhos e a decepção em seu coração, o menino esbravejou: “Você se nega a estar ao meu lado? Então serei mau para você. Um dia você vai querer brincar comigo e serei eu que não irei brincar com você.”. Logo em seguida eu fui embora.
Agora eu estive pensando no que ocorreu. Conhecer o tempo foi uma dádiva em minha vida. Ele era tão decido, fazia sua rotina sem medo. O tempo não voltaria atrás por dinheiro algum e não havia força no mundo que o pudesse parar. Até hoje ele me inspira.
Volte tempo, eu quero brincar com você. Espero que eu não seja velho demais para que possamos nos divertir.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Fim, simples assim.

Olho para frente e não consigo ver além. Tenho certeza que minha visão não está conturbada por alguma neblina ou mesmo confusões psicológicas. Esse me parecer ser o fim da estrada. Sem mais curvas, retas ou placas difíceis de interpretar.
Nesses últimos dias eu tive muito tempo sozinho pra pensar no que eu realmente queria. Eu cheguei à conclusão de que não posso ter o que eu quero, pelo menos agora. Minhas transformações, ou tentativas de mudanças, não foram o suficiente para alcançar o que eu almejava. Mas eu estou orgulhoso de ter feito o possível para ir mais longe.
É assim que termina. Sem despedidas emocionais e sem chances para um retorno ou recaída. Eu estava com saudades de controlar a minha vida. Ser levado pelo vento ou conduzido por uma tempestade não é o que eu sou. Eu sou o senhor do meu destino e não serei flagelado em doses homeopáticas. E já que eu tenho que cair, é melhor que eu me jogue ao invés de ser empurrado.
Os sentimentos são assim, eles esfriam dentro dos outros, mesmo que estejam fervendo dentro de você. Sempre haverá pessoas em minha vida, mas eu não posso me tornar responsável por elas, isso seria peso demais.
Continuarei amando as coisas em minha estrada, mas não porque estou acostumado com a estrada e sim porque estou acostumado com o amor.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Eu sou um grande mentiroso.

Por que eu continuo mentindo e me enganando? Eu sei que não vai dar certo. Não deveria nem mesmo ter começado. São milhares de problemas que eu não queria enfrentar, e eu estava tão bem sem eles.
Por que eu sinto necessidade de parecer forte? Eu não sou forte. Ajo todo dia como se estivesse tudo bem, mas é mentira. Eu estou destruído por dentro. Vivo um combate intenso todos os dias dentro de mim. Eu tento acreditar nas coisas, mas quando você é um grande mentiroso o mundo parece ser um universo de mentiras.
Por que eu não vou embora? Eu sou um idiota de perguntar isso. Eu sei essa resposta, talvez seja a única que eu saiba responder. Eu não consigo. Queria deixar tudo pra trás, até os meus planos para o futuro. Talvez por eu saber que sou um grande mentiroso, estou percebendo que qualquer plano que eu faça pode vir a ser uma outra grande mentira.
Eu minto o tempo inteiro para as outras pessoas, mas se fosse só isso tudo bem. O que mais dói é mentir para mim mesmo, e o pior é saber que às vezes eu acredito.
Eu passo noites acordado, esperando por algo que sei que não posso ter. E como se não bastasse acreditar nas minhas ilusões eu ainda acredito nas ilusões dos outros! Nossa eu acho que sou um bom mentiroso, mas com certeza sou o mais fácil de ser enganado.
Eu menti quando disse que não conseguia ir embora, eu posso ir embora sim. A verdade é que eu não quero ir. As mentiras estão funcionando como uma maquiagem para o meu mundo. Depois de colorir tudo, eu sei que nada daquilo é realmente colorido, mas não posso deixar a tristeza dentro de mim contaminar o lado de fora também.
O meu mundo é como eu, brilhante por fora e fosco por dentro. Assim como uma mentira em que todos acreditam, mas ainda assim ela tem consciência de que não é uma verdade.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Rota, minha rota.

Tenho decidido minha vida, feito minhas escolhas, enfrentados meus desafios e medos, mas eu nunca estou certo do que eu realmente deveria fazer. Estou percebendo agora a sutil diferença entre conhecer o caminho e percorrer o caminho. Vivo em uma rota conturbada e perigosa, onde os problemas parecem não ter solução e as soluções parecem criar mais problemas.
Confesso-lhes que tenho medo e isso me atrapalha muito. Se eu seguisse meus instintos e sentimentos, deixando de lado a razão que limita as minhas emoções, certamente eu estaria navegando de outra forma. Estaria seguindo rumo ao abismo de indefinido no fim da minha rota, enfrentando todo tipo de tempestade e contratempos. Mas pelo menos, ao fim disso tudo, o indefinido iria embora e daria lugar a novas experiências, jamais vistas por olhos tão racionais quantos os que eu tenho agora.
Ah se fosse só eu, mas não estou sozinho. Tenho que pensar em outras pessoas, gente que está ao meu redor e também possuem sentimentos, eu não ia querer que se machucassem com a minha aventura. Tenho que me preocupar com a minha tripulação, gente que embarcaria comigo rumo ao indefinido. Mas até onde será que eles iriam se aventurar? Até quando estariam juntos comigo? Eu sei que eles têm medo e tantas incertezas quanto eu, mas eu vou cuidar de todos, até que isso não caiba mais a mim.

Nenhum vento me será favorável enquanto eu não souber para onde navegar.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O romper de um casulo e o ascender de uma união...

Depois de 24 horas sem a borboleta, eu já estava completamente consumido por tristeza e saudade. Enquanto eu seguia mudando dentro do casulo o mundo seguia mudando fora dele. A borboleta estava lá, a beira do meu casulo, gritando com raiva e chorando. Suas lagrimas molharam seu rosto e pela primeira vez eu vi sua face real. Toda aquela cor tinha ido embora em meio a todas aquelas lagrimas e eu percebi que a borboleta não era tão colorida como eu pensava, era tudo parte de uma linda maquiagem.
Nesse momento, o meu casulo se desfez e eu me senti renascido. A borboleta olhou pra mim com o rosto inchado e me contou tudo o que estava sentindo. Eu a entendi, porque sofria tanto quanto ela por toda aquela complexa situação. Nós nos abraçamos e eu prometi não abandoná-la.
Mesmo depois da metamorfose, eu ainda não conseguia voar. Toda aquela imensidão de insegurança e racionalidade me prendiam ao chão, como uma ancora, me impedindo de voar rumo ao indefinido. Mas eu tinha mudado, o medo de perde-la deu lugar a experiência de como é agoniante estar longe dela.
Estamos seguindo unidos agora, escrevendo os capítulos dessa historia. Ainda não posso voar com ela, mas curaremos juntos os problemas das minhas asas. Com ela ao meu lado, eu me sinto mais forte e motivado para mudar o que for preciso.
Eu sei que isso ainda não é o final, mas é uma passagem feliz de uma historia triste ou o fim da tristeza de uma historia feliz.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Pela janela...

Depois da despedida eu senti tristeza e alivio. O alivio não durou muito, mas a tristeza perdura até agora. Então fiz uma janela no meu casulo, tentando me convencer de que era apenas para ver o mundo lá fora, mas eu sei que a única coisa fora do casulo que me importa é a mesma que me motivou a entrar nele.
Olhei pela janela e vi a borboleta triste e chorosa. Ela já não parecia mais tão colorida e ainda duvidava da sua própria capacidade de voar. Nesse mesmo instante me deu uma dor no coração e uma vontade de romper o casulo, tomando a borboleta em meus braços para que eu pudesse lhe dizer: “Calma, eu estou aqui e não vou mais embora. Não me importam as cores e nem mesmo se você ainda pode voar, mesmo que fosse uma lagarta eu ainda te acharia a mais bela”.
Mas eu ainda estou no casulo, vendo a tristeza da borboleta lá fora e sofrendo de formar singular aqui dentro.
Ao julgar pela forma que a borboleta esbraveja, ela ainda não entendeu o que estou fazendo por ela. Ela não é muito compreensiva, mas eu já sabia disso. Não posso julgá-la, não é fácil entender um raio em meio uma tempestade e não importa quantas vezes você já viu esse fenômeno.
Eu só queria que ela fosse honesta, e dissesse com sinceridade o que espera do mim. Se ela me dissesse que sente medo, eu criaria garras e presas para protegê-la. Se me dissesse que sente frio, eu desenvolveria uma pele macia e um calor interno só para que eu pudesse aquecê-la. Se ela não quisesse mais voar, bastaria isso para que eu abdicasse das minhas asas em formação.
Não adianta mais tentar. Se eu não tiver a borboleta, de que me servirá voar?

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Até logo borboleta...

Foi em um dia chuvoso, num domingo parado, que a borboleta apareceu. Eu estava lá pintando o meu mundo com as poucas cores que eu tinha, derivadas de lembranças boas que ainda me restavam. De repente no mesmo instante que eu notei sua presença, a chuva parou. Olhamos-nos, corremos, eu a segui e ela fugiu como de costume. Então deitamos na grama molhada e conversamos.
Ela me contou sobre o seu mundo, sobre as cores e sobre as borboletas que ela invejava, pois voavam mais alto que ela. Pela primeira vez eu acho que entendi um pouco da borboleta. No meu mundo ela era o ser mais belo, e gostava disso.
Conversamos então sobre ser livre e voar. Quando isso aconteceu tive vontade de lhe dizer a sutil diferença entre voar e ser levada pelo vento, pois eu já tinha percebido isso quando decidi pintar o meu mundo.
Contei a borboleta sobre o meu casulo e minha mudança. Eu disse a ela o quão triste eu ficaria se de repente ela conseguisse voar tão alto em seu mundo que não precisasse mais vir ao meu para se sentir mais bela. Foi quando percebi que o meu plano tinha um ponto fraco, ela.
Caso a borboleta deixasse de vir me visitar, de uma hora pra outra, eu ficaria triste e poderia por toda a minha metamorfose a perder, pois era ela que me importava. Não estava em meus planos atingir o ponto mais alto do céu, minha única pretensão era voar ao lado dela.
Então contei tudo isso à borboleta, mas parece que ela não entendeu. Ela esbravejou e ficou irritada. Ameaçou ir embora e só voltar na próxima estação. Eu não achava que precisaria tanto tempo, mas eu não recuei e concordei com isso. Ela ficou ainda mais irritada e disse que não voltaria mais. Aquela linda e orgulhosa borboleta não mostra ferrões ou presas, mas romper aquela bela relação que nós tínhamos doeria muito mais que qualquer ferroada ou mordida. E então ela partiu.
Ela sempre me chamava de pessimista e inseguro, mas eu estou seguro e otimista o bastante para pensar que ela vai voltar na hora certa, quando nós dois estivermos prontos, e que depois da minha metamorfose poderemos dar nosso primeiro vôo juntos.

Até logo borboleta, estarei sempre pensando em você.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Meu próprio casulo ...

Estive pensando sobre a minha borboleta e isso não tem sido fácil. Todas aquelas cores me encantam, e quase abalam minha racionalidade. Mas tudo bem, eu ainda estou aqui. Ainda não consigo entendê-la, embora esteja me esforçando. No entanto me sinto coagido a tomar uma decisão. Porque é assim no mundo preto e branco, não existem outras opções.
Depois de todo esse pensar, sinto que me aproximo do desenrolar dessa trama. Começo a perceber que a borboleta não precisa ser como o coelho da Alice, ela não precisa me levar ao país das maravilhas. Talvez a borboleta não esteja me guiando pelo seu caminho, pois esse é o caminho dela e pode não ter espaço pra mim. Talvez ela seja um sinal, para que eu descubra o meu próprio caminho.
Começo então a olhar com outros olhos para o meu mundo. Paro e ólho pra toda essa imensidão de preto, branco e silêncio ao meu redor, mas não fico mais entediado. Fico ansioso. Pois percebo agora que o meu mundo não é preto e branco por combinar comigo, mas ele é desse jeito para que eu possa colori-lo da maneira que eu quiser e com as cores que eu bem entender. Todo esse silêncio não é para que eu me sinta sozinho, mas para que eu possa tocar minha própria musica.
Depois que eu tiver terminado de mudar o meu mundo, talvez a borboleta escolha ficar comigo e não fugir mais, deixando que eu me aproxime. Se isso não der certo eu ainda posso tentar colorir as borboletas pretas e brancas do meu mundo ou então esperar por novas borboletas.
Eu sei, não será a mesma coisa. A minha borboleta será sempre única, por ter me cativado de forma singular. Ela será sempre uma lembrança triste de uma primavera sem flores, mas é melhor que essa lembrança venha acompanha do orgulho por ter mudado ao invés da vergonha por não ter tentado.

Obrigado borboleta, talvez eu não possa voar, mas continuarei batendo as asas.

sábado, 4 de dezembro de 2010

A minha borboleta...

Eu tive um sonho estranho. Estava no meu mundo preto e branco em plena harmonia, sem sons agudos ou barulhos indesejáveis. Estava tudo muito calmo, tão calmo que beirava o tédio.
Foi dessa maneira quando ela chegou toda brilhante, falante e colorida. Sim, colorida. Eram tantas cores, tantas faces, tanto brilho que eu nem conseguia entender. Era uma borboleta linda, que me fazia querer chegar perto. Ela era a única coisa colorida no meu mundo preto e branco. Sempre que eu tentava me aproximar ela se afastava, e sempre que eu me afastava ela chegava mais perto. A harmonia que havia deu lugar a uma agonia interna. Sempre que eu tentava segui-la além do meu mundo me deparava com a floresta, era uma floresta escura que só me remetia a incertezas.
Eu pensava dia e noite, tentava decidir o que fazer. Achava que além da floresta poderia ter um mundo colorido como ela, mas eu nunca tinha certeza. E se no mundo colorido ela já tivesse uma outra borboleta pra lhe fazer companhia? E se ao passar pela floresta eu não gostasse de tantas cores? E se eu percebesse que ela me cativava por ser a única coisa colorida do meu mundo? E se eu não pudesse voltar?
Eu estava imerso em incertezas. Não acho que isso fazia de mim um inseguro, mas atravessar a floresta não parecia ser uma coisa fácil. Então eu estou pensando e decidindo. Mas e se quando eu decidir a borboleta não estiver mais lá? Só restarão lembranças, de uma aquarela viva e sonora em um mundo de silêncio e sem cores.

Ao mestre, com carinho

Há muito tempo eu estou indignado com a educação brasileira. E esse fator não se deve só ao desinteresse do governo em administrar bem o futuro do país, mas o que me decepciona mais são os professores.
É claro que não me refiro a todos os professores, existem algumas raras exceções. No entanto a maioria dos professores que eu vejo está plenamente desmotivada e não vejo esses mesmo professores tentando motivar os seus alunos de alguma forma efetiva.
Vejam bem, o que eu proponho na verdade é que esses professores nos ensinem o que interessa de verdade. Nossos mestres devem nos ensinar o que realmente precisamos aprender, ou seja, devem nos ensinar a pensar.
Quando você está na escola te dizem que -1. (-1) = 1, mas não te dizem o porquê disso. Não é difícil explicar que o inverso de 1 é -1 e inverter o inverso daria no fator inicial, mas eles não o fazem porque estariam te ensinando a pensar e tirar suas próprias conclusões.
Vivemos imersos em um sistema subversivo de interesses escrotos, onde pensar e combater não são atitudes plausíveis. E é nisso que os professores deviam nos ajudar. Os jovens são o futuro, a educação é um modo de moldar o futuro e os professores são as ferramentas para isso.
Por favor, professores, não nos ensinem matemática, história ou geografia. Ensinem-nos a pensar, nos tornem capazes de decidirmos o nosso futuro e o futuro do mundo com conhecimento e da melhor forma possível. 

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Mas vai que ...


Eu não sei se acontece com todo mundo, mas algumas vezes eu olho pra minha vida e penso: “ Caralho, como eu vim parar aqui?”.E eu não estou falando do efeito do álcool não galerinha. Refiro-me a cada atitude que nós tomamos, mesmo sem perceber, em cada singular momento de nossas vidas.
Às vezes, nos passa despercebido a complexidade de cada uma de nossas decisões. Quando escolhemos ir ao shopping estamos escolhendo também abdicar de todas as outras coisas que poderíamos fazer invés disso. E de repente conhecemos uma pessoa legal, trocamos telefone, saímos no sábado seguinte, bebemos desmedidamente, vamos para um motel, transamos sem camisinha e pegamos uma DST (Ou pior, temos um filho). E depois que isso tudo acontece agente pensa: “Puta que pariu, por que eu não fiquei em casa vendo sessão da tarde ao invés de ir à porra do shopping?”. É amigão, mas agora já é tarde.
Eu costumo pensar detalhadamente em cada atitude importante que eu vou tomar, mas confesso que estou preste a desistir desse método. Cada atitude que eu tomo é importante, seja ela ir a uma entrevista para um ótimo emprego ou andar do lado esquerdo da rua ao invés do direito. Tudo que decido fazer faz parte de uma cadeia de segmentos, que me levará a alguma lugar.
A vida tem sido assim pra mim, rápida demais para que eu possa controlá-la. Sinto-me saltando no escuro, apostando na loteria e torcendo para ter o bilhete premiado. Porque a vida é só sorte, ou não.

"A maioria dos males acontecem aos homens por não ficarem em casa"
 Blaise Pascal