terça-feira, 9 de março de 2010

Desculpe mãe, mas eu falo com os estranhos.

É provável que em algum momento da sua vida você já tenha escutado, da sua mãe ou de uma outra pessoa preocupada, a seguinte frase: “Não fale com estranhos.”
Eu ouvi bastante isso, mas tenho que assumir que eu não respeito mais esse tipo de “regra”. Agora eu falo com os “estranhos”!
Algumas pessoas podem achar isso uma grande bobagem, mas pra mim é realmente animador e, talvez, excitante. Quando eu começo a dialogar com uma pessoa que não conheço não faço idéia nenhuma de como aquela “prosa” irá se desenrolar, e acho que isso é o mais fascinante nessa minha aventura.
Não sei qual o nome da pessoa, o que ela faz, quantos anos têm, onde mora, do que gosta, entre outras muitas perguntas que você poderia responder se tivéssemos falando do seu melhor amigo.
A cada condução que pego, cada fila ou elevador que eu entro, eu conheço uma pessoa diferente com vontades, opiniões, crenças, trabalhos, e gostos diferentes – e assim aprendo muito com elas.
De um tempo pra cá tem se tornado cada vez mais fácil fazer isso, eu tenho deixado de lado o medo inibidor, que é como uma cela separando o prisioneiro da liberdade, ou ainda como uma âncora impedindo que o navio venha a zarpar, fazendo do mar de incertezas e tempestades o seu feliz ou trágico destino.
Que me desculpe a minha mãe, mas ao falar com esses “estranhos” tenho descoberto um pouco de mim em cada “estranho” e um pouco de estranheza em cada parte de mim. Tem sido através dessas pessoas que tenho tomado conhecimento de um pouco mais do mundo lá fora – e consequentemente bem mais do mundo aqui dentro.
Os “estranhos” já não me parecem mais tão estranhos, só falta agora convencer a minha mãe.

“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.”

Antoine de Saint-Exupéry

4 comentários:

  1. Foi falando com estranhos que te conheci
    e era literalmente estranho, falei com o Victor, não da pra ser mais estranho que isso!
    po ta show, você escreve muito bem! xD

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  2. rs!
    Adorei o seu texto.
    Tenho a vontade de sair falando com esses "estranhos" por aí, mas infelismente a minha timidez não me deixa fazer isso!
    Fico pensando como é a pessoa que está sentada ao meu lado no ônibus, a pessoa que está na minha frente na fila do banco, ou aquela pessoa que está na biblioteca procurando um livro, mas não consigo.
    Parabéns pelo seu texto.

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