Esses dias eu vi minha borboleta voar pela janela e ir embora. Eu podia dizer a vocês que fiz de tudo pra que ela não fosse, mas a verdade é que tudo o que eu fazia só agravava mais a situação.
Vejo a porta aberta do meu armário e tenho algumas boas lembranças, mas quando olho pra dentro dele não vejo mais as incertezas que estavam guardadas bem lá no fundo. Algumas sensações me deixaram, junto com a borboleta. E eu acho que foi até melhor assim.
Quando ela chegou na minha vida, representava a liberdade que eu poderia ter, que eu deveria ter. Mas eu me prendi a ela, e talvez também tenha a prendido. Tornou-se uma obsessão que eu não podia controlar. E liberdade nem sempre tem a ver com descontrole.
Alguns dizem que água e óleo não se misturam, outros dizem que se misturam sim. Mas o importante de verdade era o sabor da mistura, a química, o cheiro e a textura. Ela concluiu que não combinamos. Eu concluo que não tivemos tempo.
Agora não há mais tempo. Agora só há mais tempo. E esse é só mais um capitulo, da minha historia. Porque essa não é a historia dela. Eu sou o protagonista e não haverá mais como voar à sombra da borboleta e ficar satisfeito com isso.
Mas o curvex e a caixinha de maquiagem sempre vão me lembrar dos vôos que eu não pude dar.